Sacanagem do leitor: olha só!



Poxa vida, está de sacanagem comigo!
Pega leve nos pedidos, leitor: escrever sobre o tão eterno amor que resolveu pisar em outro território e sumir diante de tudo e inclusive de você, me sufoca e arrebenta com minhas canetas. Pega leve! Pense em mim um pouco, talvez eu tenha aqui no canto do meu ser alguém que também preenchia esse lado. Mas tudo bem, vou me sufocar por alguns minutos e vai sair algumas palavras bem depressa pra passar rápido esse sentimento de partida que irei tentar sentir por vocês. Encaro esse desafio porque também sou um ser de produção de sentimentos, muito eficaz por sinal. Então, quando aquela pessoa foi pra outros lados, jogo nesse papel a vontade de ir junto, de querer voar sem ter nenhum ar próximo e por mais que você pegue o de seus pulmões: não consegue e ai que se sufoca mais, a sensação faz surgir do teu interior o que nunca havia se manifestado, o que você nunca tinha sentido, o que você nunca tinha feito e que simplesmente resolveu dizer: Volte, faço tudo por você! E tudo se manifesta, você fica doente e abobado, o coração dói, a mão dói, o pé dói, o cabelo cai, a unha não cresce, a pele resseca e você treme, mas treme muito e sua também, seu corpo fica doído por fora e por dentro e você sente o coração vibrando sem ritmo, sem compasso e sem suingue, o peito se fecha, o choro não vem, as lágrimas não escorregam e você nem suja lenço. Mas quando arrebenta por dentro, você vomita berros, as lágrimas ensopam a camiseta e você gruda a cabeça na parede e não entende mais nada, ah! E o soluço fica mudo e você se engasga... E você vai pra frente de casa e volta, vai pra fora e volta, vai no vizinho e não quer escutá-lo, vai no outro e não quer nem vê-lo e olha o relógio e fica acompanhando os segundos e você só tem pressa, pressa de sair daquele lugar, é querer sair de si, querer abafar o sentimento e não saber fazer, querer correr, pular e voar para enxergar somente aquela pessoa! Você se curva e enfia a cabeça no chão e ainda diz para si mesmo: pisa em mim, faça o que quiser, sou o teu ser, não sei nada de mim e essa dor não dói no teu corpo, só sabe doer em mim, ela é minha... Você não assimila aquele Não, e a partida não entra na tua alma, você quer somente aquele colo, o toque, o sorriso e o bom dia, você quer os abraços, os presentes, as datas, os lugares, as árvores, você quer a terra, você quer a cidade, você quer tudo de volta, porque o ato de sentir o querer é trazer para si o outro, é puxar tudo que lembrava pra começar a fazer mais história e poder ter algo a recordar que não sendo uma partida, você quer o chimarrão, você quer o enrosco, você quer os ciúmes, você quer a pessoa de volta e isso basta, mas você não tem mais nada: talvez nunca mais, e ai? Você liga e nem atende, você persegue e não encontra, você perde o rumo e cansa de chorar... Mas enfim, não existe mais ninguém para os teus dias, e quando vai, vai pra sempre e o eterno que era antes você também não entende e as histórias do príncipe e da princesinha que viveram felizes para sempre: você só tem vontade de queimar todos livros e deletar o pra sempre. Você beija as fotos e depois rasga e grita que não acredita mais em ninguém, nem no mundo, nem na pessoa que contou as historinhas de final feliz, nada e ninguém! Você quer berrar a palavra mais feia do mundo pra estragar com a garganta, mas você não consegue porque não existe e então o teu ser pensa em invalidar a vida, pois começa então a assimilar o luto e a perda torna-se real, e quando você sente na pele que nunca mais irá se excitar com aquele beijo: você que ir embora também, quer ir junto com o teu luto e quer ir com aquela pessoa que morreu pra você. Você quer seguir e assegurar o outro e simplesmente cumprir o que havia dito antes quando prometeu amor eterno, então você abraça a partida e vai e assim você acredita num final feliz, somente assim... Indo com o próprio luto e desejando felicidades para os dois!

Comentários

vieira calado disse…
Olá, amiga!

Passei para ler o seu texto

e deixar saudações poéticas

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