Qual é o seu Poema?
Qual é o seu Poema?
Poemas em
novelas, poesias em teatros, versos sensíveis em músicas. Onde encontrá-los?
São nas banalidades de uma rotina comum que se é encontrado os principais
poemas das nossas vidas. Mas qual é o seu poema? Aquele que você escreve ou
aquele que você leu e nunca esqueceu? O poema, para mim, é aquele que nos veste
como sujeito de um determinado momento. É a veste do absoluto lugar em que
enxergamos o próprio sentido de trajar diversos panos. Mas em muitas vezes o
poema pode ser nada e o seu fundamento se traduz em sua pouca serventia.
O poema é a
força de quem escreve e o sentimentalismo de quem o compreende. O poema é fora,
é o paralelismo da estrutura posta de forma contrária ao universo tecnológico.
O poema é, tantas vezes, mal interpretado para quem escreve frente aos leitores
que encontram outro sentido
daquele que foi pensado pelo próprio poeta. Talvez o sentido de que se falta
faz o próprio poeta se encontrar. O poeta acha as profundezas de um aquário e
se perde em sua imaginária profundidade.
O poeta
inventa o que se quer sentir, cria o seu mundo e coloca um fim ao que incomoda.
Mata mais de uma vez e ressuscita apenas uma única. Qual é o melhor poeta? Aquele que escreve
bonito e segue a rigor o conjunto de rima, métrica e sonoridade? Não nego que os
melhores poetas que deixaram suas obras como um marco em cada período literário
também possuíam essas características. Em minha opinião, não existem melhores
poetas, existem sim os melhores poemas de um específico momento ocasional em
que os nosso estado de espírito se encontra.
Às vezes, sou
mais filosófica das próprias ideias a uma poeta que escreve com um fim em si
própria. O poeta é um meio solidário que
transmite seu próprio sentido de existir naquele momento. O poeta é um
solidário da própria intimidade. O poema, a partir de sua publicação, passa a
ser de quem lê e não mais de quem o poetou. Há quem goste de revelar um
sentimento platônico e deixar subentendidas as múltiplas interpretações de um
poema. Há quem desgoste da nudez com que um poema é apresentado, mas há também
os que degustam do sabor que não é revelado.
Nesse momento,
o meu melhor poema é o da imortal Cecília Meireles. Publico aqui, pode ser de
outra pessoa também.
Trechos
do poema Motivos
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
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