Crônica - Poemas de primeira publicação
Poemas de primeira publicação
Entregar-se
para uma primeira publicação é como despir as vestes que cobre nossa pele. A
sensação de mostrar a nossa obra é abrir o coração e dizer: eu amei, eu perdi.
Eu ganhei e quero ganhar mais. Eu não entendo o amor e não faço questão de
entender. No poema, assumimo-nos como uma parte que forma as tantas coisas da
vida, somos a paixão e nunca o que vem dela. Somos as letras porque não
queremos ser apenas uma leitura dinâmica.
Quem escreve
poemas? Todos são feitos de poesia. Há os que não escrevem e outros que se
derramam aos quatro cantos dos papéis. Assim como também existem as criaturas
silenciosas, que ousam rimar nas escondidas. Até compreendo tamanha reserva
poética, pois muitos pensam que o poeta vira poeta quando apenas resolve
publicar seu primeiro poema. Aí é que
vem o engano. Quando nossa ousadia de publicação é registrada e o poema por si
publicado, ele não passa mais a nos pertencer. Ele acaba se jogando nos
pertences de quem lê.
Mas, e aquele
poeta das escondidas que sofre com a falta de coragem para mostrar seu respaldo
interior? Creio que esse prato – escondidinho de poetas – faz com que eles
sejam a parte camuflada e mimetizada que a vida os oferece para continuar no
silêncio das palavras.
Poetas e seus
sujeitos de interior: Há os envergonhados, os mal vistos, os tímidos, os
reprimidos, os preconceituosos. Há uma série de poetas, há um imenso mundo
poético perdido por aí. Porém, há pouco papel. Porém, há pouca gente no mundo
para lê-los. Porém, faltam-lhes críticos. Gosto de ler poetas de primeira
publicação, porque eles ainda escrevem o que sentem e não sofrem a maldade das
reais adaptações do mundo. O poeta de primeira publicação é puro. É ingênuo.
Sabe conquistar leitores sem uma pitada de intenção em conquistá-los. Sabe ser
fiel aos seus sentimentos e descarta qualquer possibilidade de escrever para
estar no mercado e ser mais um entre tantos ‘poser’ por aí.
Um dos livros
que me encantou foi o “Crianças Assisenses Escrevendo Histórias”. No livro, há
muita gente boa. Acredito que o tempo seja uma forma de incentivo para que
continuem escrevendo. Gostaria que esses pequenos escritores continuassem a
publicar suas escritas, pois o hábito nos torna cada vez melhor e nos torna
sujeitos mais decididos da descoberta das nossas próprias afinidades. Podemos
ser tantas coisas na vida, o fato é sermos as que mais gostamos e não deixar de
lado o que mais amamos...
Grande abraço
para os jovens escritores. Quero notícias e poemas de vocês. Mandem para mim,
por favor!
Muitos
abraços,
Mila.
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