E quando o telefone não toca e aquela mensagem não é respondida…
E quando o telefone não toca e aquela
mensagem não é respondida…
Enviar algo a nós mesmos. Estar despreparado
para um breve silêncio desesperador. Querer respostas automáticas e fazer com
que as pessoas sempre estejam prontas a nos responder. Quantas vezes enviamos
mensagens a nós mesmos? Até que ponto temos que provar as nossas incertezas só
para confirmar uma precipitação individualista? Quantas vezes o celular é
olhado várias vezes ao dia, almejando o barulhinho de uma mensagem?
E as chamadas não atendidas que nos
tornam dependentes de querer que sejam sempre de uma única pessoa? E o celular
que nos torna o meio pelo qual nossa liberdade é de fato distribuída entre os
demais? O único tempo de espera que nos mata em suaves prestações é o mesmo
daquele em que nos propusemos a mendigar uma resposta. O tempo não é perdido
até porque chegará um momento em que essa espera decidirá o tempo do nosso
amadurecimento.
Amadurecer não é saber colocar
respostas em suas devidas perguntas, amadurecer é não saber tudo e ter
convicção desse fato, amadurecer é esquecer das satisfações da nossa vida… É
não lembrar a última briga e também brigar pela primeira vez. É saber olhar e
não como devemos ser olhados aos demais, pois pelos nossos olhos já existem às
pencas. Somente o tempo nos colocar em nossos devidos lugares. Somente o tempo
dignificará as rédeas do nosso amadurecimento.
Somente o tempo fará com que essa
espera seja despertada em outros indivíduos que possam passar a esperar por
nós. Somente o tempo é o decisor de quantas pessoas foram e quantas se tornaram
insubstituíveis. Somente o tempo esquece. Somente o tempo nos fazer lembrar.
Somente o tempo nos leva. Somente o tempo poderá nos trazer…
E
quando o telefone não toca e a mensagem não é respondida, mude o destinatário e
comece a fazer perguntas ao próprio remetente, muitas vezes quem espera por
respostas não deseja nossas perguntas. Muitas vezes as perguntas feitas para
nós mesmos já basta para nos tornar pessoas desejadas das nossas respostas…
Crônica do Jornal O EDITOR.
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