meu nome próprio
Queria
inspirações únicas,esvai-me em momentos atípicos, vários por sinal. Foi aí
então que me sinalizei, não tive um momento esperado para se escrever, pois fui
abismada da fartura que me prendeu em mais de uma delas... Como se eu ficasse
presa em viver nas espumas de um sabão, imersa em cada bolha flutuante,
deslizando de um lado a outro e assim que aproveitei todas das que o tempo me
oportunizou.
De
repente achei que havia dividido apenas uma das minhas unhas, mas foi somente
um de repente. Provei as cores e formas de quase todas as unhas que ali
estavam... Eram várias oblongas, as fugitivas, as bem feitas, mãos grandes e
fartas, pontudas e avermelhadas, as desmaiadas que nem as minhas e as roídas
que me roeram pausadamente pelo corpo, pela pele, pelo pelo, boca e
cabelo...
Aqueles
momentos do meu de repente não foram mais que aquilo, já imaginava o que
haveria de acontecer para estar hoje aqui pontilhando palavras. Escrevo a cada
uma delas ou escrevo a cada uma? Será ser apenas a escrita a uma ou a única? Na
deformidade dessas inquietações que escrevo a uma única forma, ao gosto
incomparável de fazer por mim.
Tive de
espremer cada boca e espelhar teu rosto em cada rio de saliva, de baba e de
gosto a se fazer um desabafo que não fosse traidor e afogado. De repente era
uma, depois mais outra, queria dizer que seria apenas mais uma vez e quando vi
tudo já estava acabando e eu ainda com você, a minha mesma uma.
A
madrugada foi pouca, eu queria mais uma. Mas e se o dia fosse tal como o
escuro, estaria eu provando mais e mais e ainda sob a luminosidade junto a ti?
E se o tempo não me trouxesse o outro dia, estaria eu ainda trêmula querendo
mais, balbuciando o retardar do relógio, acariciando-te até afrouxar teus
lábios? Mas a noite findou num inglês perdido e desalinhavado. Ok everybody?
Mas haviam bodes logo ali? I soo, soo...
Tal como
foi todas as nossas despedidas nessa língua desbocada, foi também a minha
partida de todas as que beijei. E eu achava que o mundo era redondo? Hoje eu
sei também que ele tonteia, foram tantas voltas que fiz que teu ser acabou
vencido por uma última volta da tua própria língua e logo já estava dormindo.
Fui total e breve naqueles encontros, não havia tempo e eu ainda tinha que
escrever, não que isso fosse mais uma coisa a se fazer e muito menos um fardo a
carregar, mas sim um ato explícito de se querer mais, mais que a mim, pois por
mim a sós o meu fardo já bastava.
Cansei do
eu poético de fantasiar, inquieta pelas minhas ideias certas, aí eu me joguei,
rolei, conheci tantos beijos que me fizeram esquecer dos nomes, mas não me
deixaram esquecer de cada um deles. Hoje tenho várias musas experimentadas que
já não sei onde encontrar. Não foi em Pasárgada, mas cheguei quase lá.
Queria
ver teu ciúmes adoidado escutando tua voz exausta me chamar, clamando um
"agora chega" sem ao menos cobrar, me chamando sem precisar dar
satisfação pois nós sabíamos que mais tarde iríamos nos satisfazer da mesma
loucura. Acabei por testar o meu ciúmes também, saber do gosto que ficou
eu tua boca, comparar se foi o mesmo na minha, dividindo os lábios e concluir
que nós duas girávamos ao redor de nós mesmas, sendo nós formada por apenas um
eixo.
E a
madrugada ia se esgotando e as opções também. Foi ai então que o mundo foi
misturado e os corpos não paravam de nos completar. Resumo tais beijos dizendo
que de todas és uma.
Que a mim
és uma. Que dos experimentos és o princípio ativo. Que das essências és óleo
essencial. Que de todos os toques és o latejo. Que de todas as unhas és
vermelha. Que de todas as mulheres és a feminina. Que de todas as feridas és o
que és porque fui também. Que de todas as noites és aquela que não chega. Que
de todos os braços és o único que rodeia minha cintura. Que de todas as bocas
és o beijo. Que de todos os orgasmos és o desbocado com palavras curtas e
repetitivas. Que de todos os sonhos és o âmbar amanhecido. Que diante de todas
as que já tive és a que me escreve no reflexo dos teus olhos pequenos depois de
gozados...
Meu nome próprio não era um pseudônimo.
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