Quem foi Dona Cila de Maria Gadú?

 
“Dona Cila” é uma grande homenagem para sua avó que morreu há alguns anos. “Na vida, sempre fui eu, minha mãe e minha avó. Fui criada com ela, que me ensinou tudo, desde música até como me relacionar com as pessoas.” A avó também teve seu papel na paixão de Maria pela música: apesar de ser cantora lírica - Cila perdeu a voz ao usar um produto químico em uma limpeza, trabalhando como empregada doméstica -, ela, filha e neta, que moraram juntas durante 13 anos, sempre ouviram de tudo, o que hoje faz com que Maria diga que suas influências vão de "Chico [Buarque] a Backstreet Boys".

     "Minha avó entrou num processo de morte durante um ano. Descobriu um câncer, desenvolveu a metástase e foi definhando. E eu definhei junto. Virei um vegetal, tinha uns dez quilos a menos", ela diz, relembrando a avó, sua "deusa de ébano, a melhor alma do mundo". "É impossível [falar dela sem sofrer]. Mas aquela dor de apego não tenho mais. Dá saudade, às vezes choro, porque a pessoa não existe mais neste lugar físico. Claro que a gente bate altos papos, eu converso com ela horrores, faço piada."

          Pouco tempo antes de a avó morrer, ela compôs "Dona Cila" em sua homenagem, uma das oito faixas autorais de seu primeiro disco, homônimo, lançado em 2009. Maria, que pela primeira vez havia pensado em desistir de compor e cantar, ligou para a mãe dizendo que tinha, enfim, entendido que a avó "tinha que ir embora" - e cantou, ao telefone, os versos da canção. 

        O clipe da música é belíssimo e conta com a interpretação da atriz Neusa Borges no papel de Dona Cila. Segundo Maria Gadú, o roteiro retrata dois grandes sonhos da avó: se apresentar em um teatro municipal e desfilar como baiana na Marquês de Sapucaí. Vale a pena conferir! 


De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé
Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto
Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé
Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer
Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for
O fardo pesado que levas
Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim

Comentários

Unknown disse…
Parabéns Maria Gadú!
Lindíssima música, letra e principalmente lindíssima a homenagem para sua Avó!!!
Que belíssima declaração de Amor e demonstração de carinho, respeito e admiração por sua Avó!
Silvio Ribeiro disse…
Aprendi gostar das músicas dela depois que observei as letras.
Espetacular.
Unknown disse…
Já amava está música antes mesmo de conhecer a história da composição, Parabéns Gadu, adoro as sua canções.

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